O que foi o Antigo Regime [História no Enem]

Postado em 22 de ago de 2021
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Você já está estudando os conteúdos de história para o Enem? Saiba que o Antigo Regime é uma das matérias mais cobradas na prova de Ciências Humanas, então merece sua atenção nos estudos.

O termo Antigo Regime é utilizado para denominar o sistema político e social da França anterior à Revolução Francesa.

Nessa época, o governo era aristocrático, com o controle centralizado nas mãos dos reis.

Além da França, outros países da Europa também viviam sob esse regime, mas ele é comumente utilizado para identificar o estado francês.

Quer descobrir mais sobre esse período da história e como ele pode ser abordado no Enem? Continue conosco que explicaremos tudo neste artigo.

Aqui você vai conferir:

 

O contexto histórico do Antigo Regime

O conceito de Antigo Regime refere-se ao sistema social e político que foi estabelecido na França entre os séculos XV e XVI. Foi um período em que o poder era centralizado e absolutista, concentrado nas mãos do rei.

Esse sistema se estabeleceu na França depois da Guerra dos Cem Anos, que começou em 1337 e só terminou em 1453. Na época, França e Inglaterra brigavam pelo trono da França.

Mesmo em maior número, os franceses perderam importantes confrontos nessa guerra. E, além da devastação causada pelos conflitos, não só a França mas boa parte da Europa sofreu com a chamada Peste Negra

Assim, mesmo saindo vitoriosa da guerra, a França ainda tinha que lidar com diversos problemas internos do seu reino, surgindo a necessidade de se reorganizar politicamente.

Nesse contexto, crescia também em toda a Europa uma tendência de enfraquecimento do poder dos nobres e fortalecimento do poder dos reis, que durante o período medieval tinham autoridade quase nula.

Em alguns países, como na França, os monarcas contaram com o importante apoio da burguesia nascente, que tinha forte interesse na centralização política. Afinal, a padronização de pesos, medidas e moedas e a unificação da justiça e da tributação favoreciam o desenvolvimento do comércio.

Com esse movimento, a nobreza, sem forças para se impor, acabou por aceitar a dominação real.

A partir disso, os reis puderam obter para si todo o controle político, econômico e militar da França e de outros países europeus.

No auge desse processo de centralização, estabeleceu-se o absolutismo, um dos principais aspectos do Antigo Regime.

A seguir, falaremos mais dessa e outras características desse período histórico.

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As 3 principais características do Antigo Regime

1. Absolutismo

A política do Antigo Regime se caracterizava pelo absolutismo.

Esse regime concentrava a autoridade política na figura do rei, apoiando-se na teoria do direito divino, desenvolvida pelo filósofo Jean Bodin.

Nesse sistema, o rei centralizava as decisões do executivo, legislativo e judiciário. Para isso, ele era apoiado pela Igreja Católica.

O último rei a governar a França durante o Antigo Regime foi Luís XVI (1754 - 1793), da dinastia Bourbon, que morreu na guilhotina.

Além da França, esse sistema político e administrativo também chegou a outros países europeus, como Espanha e Inglaterra, durante os séculos XVI ao XVIII.

Antigo Regime - imagem retratando os reis absolutistas

2. Mercantilismo

Durante o Antigo Regime, as ideias do mercantilismo norteavam a economia da França.

O mercantilismo foi um conjunto de normas econômicas em que a riqueza de um país se baseava no monopólio, na acumulação de metais e na regulação da economia pelo Estado.

Segundo esse regime econômico, a fonte de riqueza de uma nação deveria se amparar no comércio com o mercado exterior e no acúmulo de metais preciosos.

Na França, o mercantilismo estava voltado para o desenvolvimento de manufaturas de luxo para atender a nobreza e o mercado espanhol. Da mesma forma, o país também procurou expandir suas companhias de comércio, bem como a construção naval.

Essa política econômica francesa ficou conhecida como mercantilismo industrial ou colbertismo, referência ao ministro Colbert, quem mais a incentivou.

Além da França, o mercantilismo foi aplicado em diversos países europeus. Nessas nações, é possível encontrar algumas características econômicas em comum, são elas:

  • Controle estatal da economia
  • Balança comercial favorável
  • Monopólio
  • Protecionismo
  • Metalismo
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3. Sociedade estamental

Por fim, outra característica importante do Antigo Regime é a sociedade estamental.

A sociedade estamental ou de estados é aquela que dividia a população em grupos sociais. Neles, quase não existe mobilidade social, ou seja, a posição do indivíduo na sociedade dependerá de sua origem familiar, por exemplo: nasceu servo, morrerá servo.

No Antigo Regime, os estamentos dividiam-se em clero, nobreza e burguesia e camponeses. O clero e a nobreza eram livres de impostos que recaíam sobre burgueses e camponeses.

Conheça mais sobre cada um dos grupos sociais:

  • Clero – Também conhecido como Primeiro Estado, era formado por: abades, bispos, padres, frades e monges. Esse grupo representava 1% da população. Possuíam muita força política e econômica.
  • Nobreza – Também chamada de Segundo Estado. Os nobres eram membros da família real ou tinham adquirido títulos através da compra. Essa categoria representava 2% da população.
  • Burguesia – Conhecida como Terceiro Estado. A burguesia, da qual faziam parte os comerciantes, trabalhadores do campo e profissionais liberais, representava todo o restante da população.

A Revolução Francesa e o fim do Antigo Regime

declínio do Antigo Regime - imagem clássica da Revolução Francesa

Durante o século XVII, o Antigo Regime começou a entrar em declínio. Um dos principais motivos foi o advento do iluminismo na França.

Essa corrente de pensamento defendia ideais do liberalismo, como:

  • a instituição de um gestor subordinado a uma carta magna (constituição);
  • fim do intervencionismo, tanto político quanto econômico;
  • voto universal;
  • e a democracia.

Ou seja, valores completamente antagônicos ao absolutismo que vigorava na época.

Além disso, com a Revolução Industrial, que aconteceu durante o século XVIII, a burguesia assumiu uma posição social extremamente elevada e desejava ter um representante de seus interesses à frente do governo, o que enfraqueceu ainda mais o sistema absolutista.

Assim, aos poucos, os monarcas foram caindo.

Um dos primeiros países em que o Antigo Regime começou a ruir foi a Inglaterra — pioneira graças aos avanços político-sociais gerados pela Revolução Industrial.

Na França, especificamente, o fim do Antigo Regime também esteve associado à crise financeira na qual o país mergulhou após o fracasso das colheitas de trigo nos anos de 1787 e 1788 e aos gastos militares na Guerra de Independência dos Estados Unidos.

Com os problemas financeiros, nas colheitas e o aumento populacional, a falta de alimentos começou a se agravar em todo o país. Além disso, o excesso de impostos sobre o terceiro estado aumentou ainda mais o descontentamento e a situação precária da população.

Na época, foi convocada a Assembleia dos Estados Gerais para encontrar uma solução para a crise. Contudo, tanto o primeiro como o segundo estado não aceitavam abdicar dos seus privilégios e integrar o regime de recolhimento de tributos.

A partir disso, começou a se desenhar uma revolução, que ocorria com a organização da burguesia e do baixo clero: a Revolução Francesa.

A Revolução Francesa é o nome dado ao ciclo revolucionário que aconteceu na França entre 1789 e 1799. Ela marcou o fim do absolutismo nesse país.

Essa revolução teve uma grande participação popular e atingiu um alto grau de radicalismo.

A Revolução Francesa foi um marco na história da humanidade, porque inaugurou um processo que levou à universalização dos direitos sociais e das liberdades individuais a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Ela também abriu caminho para a consolidação de um sistema republicano pautado pela representatividade popular, hoje chamado de democracia representativa.

Assim, a Revolução Francesa provocou o fim do Antigo Regime na França e, posteriormente, na Europa.

Esses processos revolucionários, sobretudo a Revolução Francesa, foram influenciados pelas ideias iluministas. Hoje, a maioria dos historiadores considera que eles marcaram o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea.

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Questões do Enem sobre Antigo Regime para praticar

Vamos testar os conteúdos trabalhados neste artigo? Confira abaixo algumas questões sobre o Antigo Regime que já caíram no Enem.

1 - (Enem/2020) Certos músicos agradavam tanto ao público da Corte por seu talento especial como virtuose ou como compositor, que sua fama se espraiava para além da Corte local onde estavam empregados, chegando aos mais altos níveis. Eram chamados para tocar nas Cortes dos poderosos, como aconteceu com Mozart; imperadores e reis exprimiam abertamente prazer com sua arte e admiração por suas realizações. Tinham permissão para jantar à mesma mesa — normalmente em troca de uma execução ao piano; muitas vezes se hospedavam em seus palácios quando viajavam e assim conheciam intimamente seu estilo de vida e seu gosto.

ELIAS, N. Mozart, sociologia de um gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995 (adaptado).

Com base no caso descrito, qual elemento histórico do Antigo Regime contrasta com o trânsito de intelectuais e artistas pelas Cortes?

a) Rigidez das estruturas sociais.
b) Fragmentação do poder estatal.
c) Autonomia de profissionais liberais.
d) Harmonia das relações interindividuais.
e) Racionalização da administração pública.

Gabarito: A

2 - (Enem/2006) O que chamamos de corte principesca era, essencialmente, o palácio do príncipe. Os músicos eram tão indispensáveis nesses grandes palácios quanto os pasteleiros, os cozinheiros e os criados. Eles eram o que se chamava, um tanto pejorativamente, de criados de libré. A maior parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha garantida a subsistência, como acontecia com as outras pessoas de classe média na corte; entre os que não se satisfaziam, estava o pai de Mozart. Mas ele também se curvou às circunstâncias a que não podia escapar.

Norbert Elias. Mozart: sociologia de um gênio. Ed. Jorge Zahar, 1995, p. 18 (com adaptações

Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime dividia-se tradicionalmente em estamentos: nobreza, clero e 3º Estado, é correto afirmar que o autor do texto, ao fazer referência a “classe média”, descreve a sociedade utilizando a noção posterior de classe social a fim de

a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe dos músicos, que pertenciam ao 3º Estado
b) destacar a consciência de classe que possuíam os músicos, ao contrário dos demais trabalhadores manuais.
c) indicar que os músicos se encontravam na mesma situação que os demais membros do 3º Estado.
d) distinguir, dentro do 3.° Estado, as condições em que viviam os “criados de libré” e os camponeses.
e) comprovar a existência, no interior da corte, de uma luta de classes entre os trabalhadores manuais.

Gabarito: C

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3 - (Enem/2012) Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra

a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real.
b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o privado.
c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei despretensioso e distante do poder político.
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de outros membros da corte.
e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.

Gabarito: E

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Mariana Moraes

Por Mariana Moraes

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