Será que você sabe o que é crônica mesmo ou confunde o gênero com outros tipos de texto?
Neste artigo, você vai tirar a prova.
Acompanhe até o final e descubra tudo sobre o assunto!
O que é crônica?
Quais as características da crônica?
Para que serve uma crônica?
Quais são os tipos de crônicas?
Como fazer uma crônica?
Principais cronistas do Brasil
Conclusão
O que é crônica?
A crônica é um gênero textual muito presente em jornais, revistas, portais de internet e blogs.
Esse tipo de texto se destaca por abordar aspectos do cotidiano.
Ou seja, questões comuns do nosso dia a dia.
Quais as características da crônica?
A crônica se situa entre o jornalismo e a literatura.
Além da narração de situações banais, ela é caracterizada por:
- Textos curtos e de fácil compreensão
- Linguagem simples e descontraída
- Poucos (ou nenhum) personagens nas histórias
- Análise crítica sobre contextos e circunstâncias
- Humor crítico, irônico e sarcástico
- Linha cronológica estabelecida.
Para que serve uma crônica?
Embora as crônicas retratem acontecimentos do dia a dia, elas não têm a finalidade exclusiva de informar.
O objetivo da narrativa é, na verdade, provocar uma reflexão sobre o assunto abordado.
Os cronistas costumam identificar aspectos que, muitas vezes, passam despercebidos pelo restante da sociedade, mas que merecem observação e análise.
Quais são os tipos de crônicas?
A crônica é um gênero textual que pode ser dividido em diferentes tipos.
Conheça as características de cada um deles:
Crônica descritiva
A crônica descritiva é tipificada pela descrição dos elementos na narrativa.
Ou seja, é um texto que expõe os detalhes de objetos, lugares, personagens e demais partes.
Crônica narrativa
Esse tipo de crônica é marcado pela narração em primeira ou terceira pessoa do singular.
Ele costuma conter humor, ação e crítica.
Crônica dissertativa
A crônica dissertativa pode ser escrita em primeira ou terceira pessoa do plural.
Ela traz à tona o ponto de vista do autor sobre o assunto em foco.
Crônica humorística
Humor, ironia e sarcasmo são os componentes da crônica humorística.
Diferentes abordagens e estratégias podem ser adotadas nesse tipo de texto para tratar dos temas que impactam a sociedade de forma cômica.
Crônica lírica
No gênero lírico, a expressão de emoções é predominante.
A crônica lírica, portanto, evidencia o sentimentalismo.
Crônica poética
A crônica poética utiliza versos poéticos em sua composição.
Dessa forma, além de traços de poesia, também contém sentimentos e emoções.
Crônica narrativo-descritiva
Esse tipo de crônica combina a narrativa e a descritiva.
Crônica jornalística
A crônica jornalística tem um viés do texto jornalístico no que diz respeito à veiculação de notícias e fatos.
Dessa forma, busca abordar acontecimentos atuais, do mesmo dia ou semana, por exemplo.
Crônica histórica
Ao contrário da crônica jornalística, que destaca eventos recentes, a crônica histórica relembra episódios passados.
Crônica-ensaio
Diferente das demais crônicas, esta é difícil de prever pelo nome.
A crônica-ensaio tece críticas ao que acontece nas relações sociais e de poder.
Crônica filosófica
Por fim, a crônica filosófica que carrega uma reflexão sobre determinado assunto.
>>> Leia também: o que mais cai em filosofia no Enem? Temas, filósofos e questões
Como fazer uma crônica?
Para fazer uma crônica, você deve, primeiramente, definir o tipo que será usado.
Isso porque o texto deve acompanhar as características do formato.
Mas, no geral, as crônicas seguem um roteiro básico, que contém:
- Introdução rápida
- Descrição do fato/tema abordado
- A grande sacada do cronista.
Você precisa, portanto, seguir essa estrutura usando o tema da sua escolha.
Dicas de como fazer uma boa crônica
Algumas dicas podem ser muito úteis para ajudar a construir uma boa crônica.
Anote aí:
- Procure escolher temas contemporâneos, a não ser que sua crônica seja histórica
- Pesquise sobre o assunto antes de escrever para formar a sua opinião
- Expresse e defenda o seu ponto de vista
- Evite incluir personagens na narrativa
- Mantenha o pé no chão e não fantasie demais. A crônica não é um conto!
- Respeite o tamanho da crônica
- Seja claro e objetivo
- Tenha atenção com a gramática
- Revise a sua crônica.
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Exemplos de crônicas
Confira três crônicas de grandes cronistas brasileiros:
Furto de Flor, de Carlos Drummond de Andrade
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.
O Vestido Branco, de Clarice Lispector
Acordei de madrugada desejando ter um vestido branco. E seria de gaze. Era um desejo intenso e lúcido. Acho que era a minha inocência que nunca parou. Alguns, bem sei, já até me disseram, me acham perigosa. Mas também sou inocente.
A vontade de me vestir de branco foi o que sempre me salvou. Sei, e talvez só eu e alguns saibam, que se tenho perigo tenho também uma pureza. E ela só é perigosa para quem tem perigo dentro de si.
A pureza de quem falo é límpida: até as coisas ruins a gente aceita. E têm um gosto de vestido branco de gaze. Talvez eu nunca venha a tê-lo, mas é como se tivesse, de tal modo se aprende a viver com o que tanto falta.
Também quero um vestido preto porque me deixa mais clara e faz a minha pureza sobressair. É mesmo pureza? O que é primitivo é pureza. O que é espontâneo é pureza. O que é ruim é pureza? Não sei, sei que às vezes a raiz do que é ruim é uma pureza que não pôde ser.
Acordei de madrugada com tanta intensidade por um vestido branco de gaze, que abri meu guarda-roupa. Tinha um branco, de pano grosso e decote arredondado. Grossura é pureza? Uma coisa sei: amor, por mais violento, é.
O Gavião, de Rubem Braga
Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a lua. Olhamos todos para o céu em busca de algo mais sensacional e comovente – o gavião malvado, que mata pombas.
O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à contemplação de um drama bem antigo, e há o partido das pombas e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros (qualquer palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar o gavião. Os amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na verdade come a sua pombinha com a mesma inocência com que a pomba come seu grão de milho.
Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das pombas e também o lance magnífico em que o gavião se despenca sobre uma delas. Comer pombas é, como diria Saint-Exupéry, “a verdade do gavião”, mas matar um gavião no ar com um belo tiro pode também ser a verdade do caçador.
Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro homem.
>>> Leia também: Bicentenário da Independência no Enem: como o assunto pode cair
Principais cronistas do Brasil
Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e Rubem Braga, autores dos textos acima, figuram na lista dos principais cronistas do Brasil.
Veja também outros nomes e conheça o estilo literário de cada um deles!
Machado de Assis
Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 - Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) escreveu diversos gêneros literários.
Nas crônicas, onde obteve grande destaque, iniciou contando sobre as sessões parlamentares.
Depois, passou a falar sobre o cotidiano da cidade do Rio de Janeiro.
O escritor publicou mais de 600 crônicas.
Clarice Lispector
Clarice Lispector, nascida Chaya Pinkhasovna Lispector (Chechelnyk, Ucrânia, 10 de dezembro de 1920 - Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977), possuía um estilo intimista.
Ela introduziu características novas à literatura nacional e marcou o Modernismo.
Suas crônicas eram conhecidas por descrições psicológicas e epifanias.
Cecília Meireles
Cecília Benevides de Carvalho Meireles (Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1901 – Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1964) é outro grande nome do Modernismo.
Ela ficou bastante conhecida por suas poesias simbolistas, e trouxe o mesmo tom dos poemas para as crônicas.
A morte, o amor, o eterno e o efêmero foram os temas mais retratados.
Nelson Rodrigues
Nelson Falcão Rodrigues (Recife, 23 de agosto de 1912 - Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980) é o autor de “A Vida como Ela é”, uma série de contos que foi transmitida em televisão.
O cronista abordava a realidade sem rodeios, apostando, inclusive, no erotismo.
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 - Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um dos maiores escritores brasileiros.
Pode-se dizer que o estilo do cronista era libertino e sarcástico.
Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes, nascido Marcus Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 - Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980) fazia crônicas para sobreviver.
Seus textos traziam leveza, senso de humor e lirismo.
Lima Barreto
Afonso Henriques de Lima Barreto, mais conhecido como Lima Barreto (Rio de Janeiro, 13 de maio de 1881 - 1 de novembro de 1922), foi um crítico cronista da República Velha no Brasil.
Além do estilo bastante coloquial, suas crônicas eram populares por retratar, principalmente, o tema da exclusão social.
João do Rio
João do Rio, pseudônimo de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1881 - 23 de junho de 1921), ajudou a fundar a crônica moderna.
Seus textos abordavam a paisagem urbana carioca com representações dos diferentes grupos sociais do Rio de Janeiro.
Paulo Mendes de Campos
Paulo Mendes Campos (Belo Horizonte, 28 de fevereiro de 1922 - Rio de Janeiro, 1 de julho de 1991) foi um dos grandes cronistas da sua geração.
Ao trazer poesia para os temas cotidianos, ele atribuiu delicadeza e atemporalidade ao gênero.
Rubem Braga
Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim, 12 de janeiro de 1913 - Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 1990) dedicou-se exclusivamente às crônicas.
Seu estilo marcado por ironia, lirismo e humor contribui para que ele se tornasse um dos maiores cronistas brasileiros.
Conclusão
E, então, tirou a prova?
Você sabia o que é crônica ou, de fato, confundia o gênero com outros textos?
Bem, o que importa é que agora não restam mais dúvidas, não é verdade?
Neste artigo, além de conhecer as características da crônica e de todos os tipos, você também aprendeu como escrever, viu exemplos e ainda foi apresentado a grandes cronistas brasileiros.
Se você vai fazer o Enem ou prestar vestibular, o gênero pode ser cobrado nos exames.
Mas, com isso, você não tem mais com o que se preocupar, não é verdade?
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