Em 1945, formava-se no Paraná a primeira engenheira negra do Brasil.
Enedina Alves Marques estudou Engenharia Civil na Universidade Federal do Paraná, sendo a primeira mulher a se formar em engenharia no estado e a primeira engenheira negra do país.
Ela foi professora e pioneira em sua área de atuação, deixando um legado inspirador para as diversas mulheres que a seguiram.
Neste artigo, vamos conversar sobre a vida inspiradora de Enedina Alves Marques.
Você vai conferir:
A trajetória de Enedina Alves Marques
Como Enedina se tornou engenheira
O legado de Enedina Alves Marques
Seja você também uma engenheira
Conclusão
A trajetória de Enedina Alves Marques
A trajetória de Enedina começa com a chegada de seus pais em Curitiba, em 1910.
Não se tem certeza sobre em qual bairro o casal Paulo Marques e Virgília Alves Marques se instalaram, mas acredita-se que seja no Portão ou no Ahú.
Também não há menções sobre a atividade de Paulo, mas sabe-se que a mãe de Enedina, que era chamada de Dona Duca no bairro, trabalhava como lavadeira.
Enedina Alves Marques nasceu em 1913, três anos depois da mudança dos pais.
Foi na década de 1920 que a vida da menina começaria a mudar, assim que sua mãe conseguiu um emprego na casa do delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho.
Por curiosidade, hoje, a casa do delegado, uma construção de madeira com varandas e lambrequins, é a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN.
A casa de Domingos Nascimento Sobrinho atualmente. Fonte: fotografandocuritiba.com.br
Domingos tinha uma filha da mesma idade de Enedina, chamada Isabel. Bebeca, como era conhecida, foi uma menina com acesso à educação desde cedo.
E para que Bebeca não ficasse sozinha na escola, o delegado Domingos pagava para que Enedina estudasse nos mesmos colégios que ela e lhe fizesse companhia.
Dessa forma, Enedina foi alfabetizada na Escola Particular da Professora Luiza Dorfmund entre 1925 e 1926. Depois, ingressou na escola normal, equivalente ao atual ensino médio, e se formou em 1931.
Enedina e suas colegas na formatura da escola normal, em 1931. Fonte: turistoria.com.br
Quando se formou na escola normal, Enedina começou a trabalhar como professora no interior do Paraná entre os anos de 1932 e 1935.
Ela atuou nas seguintes cidades: Rio Negro, São Mateus do Sul, Cerro Azul e Campo Largo.
Depois de atuar no interior do estado, Enedina voltou para Curitiba para cursar o Madureza no Novo Ateneu. Este era um curso intermediário de magistério na época.
Entre 1935 e 1937, época em que estava cursando o Madureza, Enedina morou com a família do Construtor Mathias no bairro Juvevê.
Enedina entre as colegas quando ainda atuava como professora. Fonte: G1.
O construtor e sua esposa, Iracema Caron, receberam Enedina como favor ao parente de Iracema e amigo de Enedina, Jota Caron.
Para pagar sua estadia, embora não tivesse papel como doméstica, Enedina contribuía com serviços da casa. Enquanto isso, ela continuava trabalhando como professora.
Dava aulas no bairro, na Escola de Linha de Tiro e em uma casa alugada em frente ao Colégio Nossa Senhora Menina, onde promovia turmas de alfabetização.
Em 1938, Enedina deu seu primeiro passo em direção à engenharia.
Ela começou a fazer o curso complementar em pré-engenharia no Ginásio Paranaense no período noturno.
Enedina com a família do Construtor Mathias. Fonte: Fundação Palmares.
Como Enedina se tornou engenheira
Depois de ter concluído o curso complementar, Enedina ingressou na faculdade de engenharia da Universidade Federal do Paraná em 1940.
A formatura aconteceu em 1945, e isso consolidou Enedina como a primeira mulher a se formar em engenharia no estado do Paraná e a primeira mulher negra a se formar engenheira no Brasil.
Na turma de Enedina, se formaram mais trinta e dois engenheiros, todos homens e brancos.
Antes dela, apenas outras duas pessoas negras tinham concluído o curso: Otávio Alencar, em 1918, e Nelson José da Rocha, em 1938.
A foto de formatura de Enedina, tirada em 1945. Fonte: noticias.plu7.com
Durante toda a sua formação, Enedina morou na casa do Construtor Mathias e trabalhou como professora.
Porém, depois de formada, ela foi exonerada da escola onde atuava e se tornou auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas.
A vida profissional de Enedina foi de bastante luta contra preconceitos, mas também de muita importância e pioneirismo.
Ainda atuando no serviço público, ela foi chefe de hidráulica e chefe da divisão de estatística e do serviço de engenharia do Paraná na Secretaria de Educação e Cultura do Estado.
Por conta disso, ela foi transferida para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica em 1947, trabalhando no Plano Hidrelétrico e no aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu.
Uma curiosidade interessante sobre o dia a dia de trabalho de Enedina nas obras é, reza a lenda, que ela andava com um revólver na cintura para obrigar os homens ao seu redor a lhe dar atenção.
Diz-se que era muito vaidosa na vida pessoal, mas quando estava nas obras, vestia macacão e dava um tiro para o alto sempre que precisava falar e não era ouvida.
Enedina durante a construção da Usina Capivari-Cachoeira. Fonte: CREA-PR
Dentre as principais obras de Enedina Alves Marques, podemos citar a Usina Capivari-Cachoeira, considerada por muitos como seu maior feito como engenheira, o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba.
O legado de Enedina Alves Marques
Enedina se aposentou da carreira de engenheira civil em 1962, aos 49 anos.
Ao deixar seu posto, ela recebeu o reconhecimento do governador da época. Por decreto, ele admitiu os feitos de Enedina e lhe garantiu uma aposentadoria equivalente à de um juiz.
Em 1981, aos 68 anos, Enedina Alves Marques veio a falecer.
Ela foi encontrada em seu apartamento depois de ter tido um infarto. Como ela morava sozinha, o corpo foi encontrado aproximadamente uma semana depois de sua morte.
Na época, um jornal popular retratou a morte de Enedina como a de uma idosa excêntrica e não como a de uma engenheira de importância.
Como resposta, membros do Instituto de Engenharia do Paraná protestaram contra e, após isso, diversos artigos ressaltando os feitos de Enedina foram publicados.
Ao longo dos anos que se seguiram seu falecimento, Enedina foi homenageada de diversas formas.
Em 1988, ela virou nome de rua no Bairro Cajuru. Em 2006, deu nome ao Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, em Maringá. Em 2014, houve uma campanha para que o Edifício Teixeira Soares, adquirido pela UFPR, fosse renomeado em sua homenagem.
E em 2019, um trecho da PR-340, entre Cacatu e Cachoeira de Cima, foi denominado Engenheira Enedina Alves Marques.
No que se sabe, Enedina não teve filhos e não tinha parentes próximos. Porém, ela ficará para sempre marcada na história da engenharia brasileira e paranaense.
Seja você também uma engenheira!
A história de Enedina é uma inspiração para todas as mulheres que querem seguir carreira na engenharia apesar da disparidade que ainda existe entre homens e mulheres nas exatas.
Dados de 2020 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira mostraram que 29% dos estudantes universitários do país são mulheres. Porém, apenas 41% delas estão matriculadas em cursos de exatas.
Hoje, no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representam 21% nos cursos de engenharia.
Apesar de esse número ter crescido bastante nos últimos anos, ainda falta um longo caminho.
Então, se você se sentiu inspirada pela história de Enedina Alves Marques, que tal se tornar uma engenheira também?
Abaixo, selecionamos os principais cursos de engenharia oferecidos no país para você conhecer:
Engenharia Biomédica Semipresencial
Durante este curso, você terá uma variedade de disciplinas relacionadas à tecnologia da informação, química, física, matemática e biologia.
Estudará desde os conceitos de mecânica e eletrônica até fisiologia e anatomia, passando pelo desenvolvimento de software voltado para medicina e biologia.
Engenharia Civil Semipresencial
A matriz curricular desta graduação conta com disciplinas específicas de construção civil, com conteúdos como estruturas, transportes, geotecnia, hidráulica, saneamento, meio ambiente, etc.
Engenharia de Computação Semipresencial
Esta é uma graduação que tem por objetivo a formação de profissionais capacitados no desenvolvimento, implementação e suportes à tecnologia, comunicação, entretenimento e demais segmentos que necessitam de hardware e software.
Engenharia de Controle e Automação Semipresencial
Depois de formado, você estará habilitado para criar sistemas de manufatura inteligente, que envolvem o entendimento de processos de transformação de produtos por meio de um sistema automatizado.
Engenharia de Produção Semipresencial
Os conhecimentos adquiridos ao longo desta graduação ajudam o profissional a ter uma visão mais analítica e multidisciplinar.
O curso desenvolve competências nas áreas de finanças, estratégia, qualidade, inovação, produção, pessoas, logística e tecnologias aplicadas na Indústria 4.0.
Engenharia de Software Semipresencial
O profissional dessa área é o responsável por desenvolver sistemas e programas dos mais diversos, desde os utilizados em computadores e smartphones, até os úteis para maquinário industrial.
Engenharia Elétrica Semipresencial
A Engenharia Elétrica está na vanguarda da aplicação de tecnologias com o objetivo de tornar a vida das pessoas mais simples, segura e sustentável, inovando e aprimorando dispositivos e sistemas que usamos todos os dias.
De sistemas de energia solar a sistemas celulares, a Engenharia Elétrica busca atender as necessidades de comunicação, tecnologia e energia da sociedade.
Engenharia Mecatrônica Semipresencial
O objetivo do curso é capacitar o estudante para projetar, implementar e operar sistemas ciber-físicos nos diferentes contextos reais.
Ao longo do curso, aprende-se como aplicar tecnologias de manufatura digital, smart sensors, robótica colaborativa e autônoma, IA e gerenciar projetos de ações transformadoras.
Engenharia Mecânica Semipresencial
Na grade curricular deste curso de graduação são encontradas disciplinas como mecânica dos sólidos, sistemas térmicos, materiais, processos de fabricação, entre outras.
Você se preparará para planejar e executar a solução de problemas reais, elaborar propostas de intervenção na sociedade e nas empresas, aplicar técnicas e métodos de engenharia com segurança, assertividade, responsabilidade e ética profissional.
Engenharia Química Semipresencial
O objetivo do curso de Engenharia Química Semipresencial é formar profissionais capazes de realizar intervenções relevantes nos processos de transformação da matéria-prima em produtos de maior valor agregado.
O engenheiro químico é parte da criação de quase tudo que existe, desde alimentos e medicamentos, até objetos.
Conclusão
Neste artigo, nós conversamos sobre a vida, a trajetória e o legado de Enedina Alves Marques, a primeira engenheira do paraná e primeira mulher negra a se formar engenheira no Brasil.
Esperamos que esta história tenha sido inspiradora para você!